sexta-feira, 30 de abril de 2010

Me encontre no Banheiro

‘Eu não aguento esperar, você me conhece.’
O único motivo desta carta é justamente essa angústia de ficar sempre em cima do muro. Eu não nasci para meios termos e não é de minha natureza bancar a donzela à espera do príncipe na janela para mais um final feliz, até porque de donzela eu não tenho nem o gênio e você está bem longe de ser um desses príncipes encantados.
Na verdade, eu acho que isso é um ímpeto meu, porque nós não alimentamos nenhum tipo de relacionamento, mas também não somos cegos a ponto de negar qualquer tipo de affair ou sentimento.
Creio que a monotonia tenha sido tamanha, e você já alega que a culpa é da falta de tempo.Essa pode ser a verdade ou só mais um eufemismo para algum defeito meu. Sinto que você tem muitas coisas a fazer, e eu não quero ser um tipo de estorvo, interferir na sua determinação com os meus excessos.
Pode ser também que a última coisa de que eu precise agora é alguém para cortar as minhas asas, mas eu nunca sei. Quero dizer, eu estou em busca de uma aventura e talvez eu não tenha dado o tempo necessário pra você arrumar suas malas e se juntar a mim, mas isso não passa de uma metáfora, é óbvio. Em todo caso, duas pessoas podem querer coisas diferentes.
Vamos poupar o drama: vá atrás das suas prioridades, estudo, seja lá o que for. E quando surgir um tempo, se você resolver sentir minha falta, você tem o meu número.
A gente se esbarra, Nick.
Abby releu a carta notando o relevo da tinta e a estética. Não quis cerimônia: coloco-a debaixo da porta e estalou o salto da bota no piso do edifício com seus passos apressados.
Por alguma ironia inexplicável, não esperava por respostas. Arrumou o sobretudo, deu aquele último gole no café e pegou o metrô ciente de que a sua Odisséia poderia acabar ali mesmo.
By Giovana do blog Eu, Prodigia!

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